
01 de maio de 2019 // Agenda Infantil
Esse estudo visa, por meio de um acompanhamento longitudinal de uma coorte de gestantes de Ribeirão Preto (SP), mapear como as famílias planejam os cuidados que o futuro bebê terá, como tal planejamento é alterado após a chegada do bebê, e o quanto os serviços destinados ao cuidado da criança estão de acordo com as necessidades da família. Pretende-se investigar se os bebês recebem cuidados de qualidade adequada às suas necessidades desenvolvimentais, e descrever quais os fatores determinantes na escolha do tipo de cuidado por parte da família. O estudo trará subsídios para a atenção à saúde da criança, suas necessidades de cuidado, percepção e expectativas familiares. Ainda, as conclusões contribuirão para o planejamento da expansão da rede de creches e oferta de serviços voltados para a criança pequena, permitindo a gestores públicos considerações a respeito da quantidade e qualidade demandadas por estes serviços.
O objetivo geral é analisar as escolhas das famílias sobre o tipo de cuidado a ser ofertado à criança em seu primeiro ano de vida, suas necessidades e expectativas, condições de saúde e qualidade do cuidado da criança, em busca de subsídios que contribuam para a formulação de políticas públicas em prol da atenção integral e promoção do desenvolvimento na primeira infância.
A análise dos dados possibilitará, além de documentar o processo decisório das famílias, obter elementos relevantes e recomendações para políticas públicas.
A preocupação com a primeira infância é crescente no Brasil. Além da extensa evidência internacional de que os primeiros anos de vida constituem janela de oportunidade única para o desenvolvimento, dado o grau de plasticidade cerebral e responsividade a estímulos por parte do bebê, temos no país um forte debate sobre as razões que impedem nossas crianças e jovens de atingir, para níveis de escolaridade semelhantes, os mesmos resultados que se observa em outros países. Relatos de professores de ensinos fundamental e médio, com frequência, apontam para dificuldades de aprendizado já no início do fundamental, e que poderiam ter origem na falta de cuidados e estímulos recebidos na primeira infância.
De outro lado, estudos recentes mostram que as famílias brasileiras têm dificuldade de discernir qual a qualidade do cuidado recebido por seus filhos, ao mesmo tempo em que o crescimento econômico e mudança cultural, em favor da emancipação feminina, pressionam as mulheres cada vez mais a livrar parte de seu tempo para poder se inserir no mercado de trabalho. É plausível, portanto, supor que as decisões de cuidado infantil podem não estar priorizando devidamente o desenvolvimento das crianças, o que, posteriormente, acarreta dificuldades não apenas de aprendizado na escola, mas de amadurecimento emocional e autonomia.
Há no Brasil insuficiência de dados para responder de forma precisa às questões propostas no objetivo deste projeto, quer porque as bases existentes não dispõem de parte importante das informações requeridas, quer porque os desenhos amostrais não permitem isolar influências das opiniões que os agentes tinham ex-ante das contingências ocorridas após o nascimento do bebê, e das oportunidades de cuidado existentes para as famílias. Uma base de dados longitudinal é ideal para se investigar esses componentes.
A cidade de Ribeirão Preto oferece condições ideais para a realização de um estudo deste tipo. Por um lado, o município é suficientemente grande e diversificado para estarem ali representados estratos representativos das diferentes camadas da população.