Os principais desafios da Gestão Educacional brasileira

17 de setembro de 2020 // Gestão Escolar

A escola é um local de formação de indivíduos, desde a Primeira Infância até a idade adulta. Portanto, a unidade escolar torna-se um espaço que envolve alunos, pais e responsáveis, docentes, profissionais da educação e a comunidade em geral. 

À vista disso, a Gestão Escolar fica atrelada ao cotidiano educacional, desde a gestão de recursos até a gestão pedagógica, garantindo que as escolas tenham todas as condições para cumprir o seu papel:

fornecer educação de qualidade para a formação de cidadãos.

Existem evidências na literatura de que as ações das lideranças educacionais têm papel importante para promover o aprendizado dos estudantes. Sendo assim, é de suma importância a Gestão Educacional (GE) articular de forma equilibrada e coerente seus processos administrativos e pedagógicos para a efetivação de melhorias relativas à alocação de recursos, uso e alinhamento de currículos às diretrizes pedagógicas das escolas, oferta de formações continuadas aos educadores de forma eficaz, e por fim promover o aprendizado dos estudantes.

Apesar de nas últimas décadas termos nos esforçado com aumentos significativos do valor investido em educação, os níveis de aprendizagem praticamente não acompanharam essa evolução. Quando comparado a outros países, o Brasil tem um gasto relativamente elevado em termos do percentual do PIB, no entanto isso não é refletido de forma direta nos indicadores de qualidade educacional como o desempenho dos estudantes nas avaliações nacionais da educação básica, tão pouco nas avaliações internacionais como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, sigla em inglês). Em junho, o Professor Titular do Insper, Ricardo Paes de Barros comentou em nosso webinário que parte desse resultado é devido à ineficiência na gestão dos recursos e à baixa capacidade de replicar modelos que funcionam bem. Segundo Paes de Barros, iniciativas que buscam se inspirar em boas práticas em gestão escolar se tornam promissoras na promoção de gastos mais eficientes, alcançando melhores resultados em desempenho e impactando na produtividade no longo prazo. Clique aqui para ler o texto completo.

Outro aspecto relevante para a Gestão Educacional é buscar maior coerência entre as ações/políticas pedagógicas praticadas e os elementos que permeiam o sistema educacional. Garantir que haja alinhamento entre as ações da gestão educacional das redes, no que se refere ao suporte pedagógico oferecido aos educadores, e o que se pretende que os estudantes desenvolvam em sala de aula é uma forma de oportunizar educação de qualidade para todos. Como de exemplo, garantir o alinhamento dos currículos municipais e estaduais com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento que estabelece competências, habilidades, assim como o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo de todas as etapas da Educação Básica, pode ser entendido como um primeiro passo em busca da coerência educacional.

Ademais, a BNCC também pode ser entendida como um conjunto de diretrizes e orientações que norteiam os profissionais da educação, estimulando a modernização de recursos e práticas pedagógicas e favorecendo o desenvolvimento de formações continuadas mais qualificadas e alinhadas com as demandas do século XXI. De acordo com Mozart Neves Ramos em um de nossos webinários semanais, é importante que as diretrizes de formação inicial docente e das formações continuadas também estejam alinhadas com a BNCC. Confira o texto na íntegra

Seguir esses princípios pode induzir a maior coerência do sistema educacional, assim como boas práticas na gestão educacional pode estimular o êxito de resultados tanto da unidade escolar quanto da rede. Assim, diversas áreas do contexto educacional podem favorecer o aumento da produtividade dos recursos financeiros já investidos na educação:

  • Boas práticas pedagógicas – trabalho de propostas pedagógicas qualificadas de acordo com as necessidades e contexto da escola, sendo mais inclusiva e equitativa para os alunos, abordando aspectos da educação étnico-racial, de gênero e desenvolvendo habilidades socioemocionais e outras temáticas relevantes para o desenvolvimento humano ao longo da Educação Básica;
  • Avaliações de desempenho – observação dos insumos, processos e resultados da GE, identificando boas práticas pedagógicas e demonstrando indicadores educacionais de desempenho que auxiliam na auto avaliação das unidades e redes educacionais;
  • Formação continuada e valorização da carreira – promover formação que trabalhe a inovação e que seja adequada para a sala de aula, além de ser contínua; 
  • Ambiente escolar – fornece um ambiente onde os indivíduos sintam-se acolhidos que proporcione o brincar, a socialização e a convivência com a pluralidade.

Em suma, ter um movimento atuando para que o país possua uma Gestão Educacional de qualidade, pode proporcionar o desenvolvimento de políticas educacionais mais qualificadas e adequadas para amparar os aspectos apresentados, que são fundamentais na consolidação de uma educação de qualidade para todos!